O que é uma trova?
A trova é uma poesia formada por uma única estrofe (poesia
monostrófica), com sete sílabas métricas ou poéticas (redondilha maior) em cada
um dos seus quatro versos, que devem oferecer ao leitor o significado completo
da mensagem a ser transmitida.
Na trova, a rima é obrigatória, mas não é obrigatório haver um título.
As estruturas rimáticas de uma trova podem ser: rima alternada (ABAB); rima
interpolada (ABBA); rima emparelhada (AABB); e rima simples (ABCB).
A trova abaixo, de Eva Reis, é um exemplo de trova com rima alternada.
Ficou pronta
a criação (A)
Sem um
defeito sequer, (B)
E atingiu a
perfeição (A)
Quando Deus
fez a mulher. (B)
100 TROVAS POPULARES
A árvore do amor se planta
no centro do coração; só a pode derrubar o golpe da ingratidão. |
Amigo, não voltes nunca
aos tens amores passados, os mortos por mais queridos devem ficar enterrados. |
Coração que a dois ama,
e que a dois quer agradar, não ande enganando os outros, veja com quem quer ficar. |
A cantar ganhei dinheiro,
a cantar se me acabou. O dinheiro mal ganhado água deu água levou. |
Amor com amor se paga:
nunca vi coisa tão justa; paga-me contigo mesmo saberás quanto te custa. |
À noite quando me deito
eu rezo à Virgem Maria, para sonhar toda a noite com quem penso todo o dia. |
A desgraça do pau verde
|
A dor por maior que seja
se comprime, se contrai. Eu nunca vi dor no mundo que não coubesse num ai. |
Alma no corpo não tenho;
minha existência é fingida; sou como o tronco quebrado, que dá sombra sem ter vida. |
Bateram, abri por dó;
em a desgraça que entrou. Fêz-lhe pena ver-me só e nunca, mais me deixou. |
Alegria dos meus olhos
é ver a quem quero bem: quando não vejo quem quero não quero ver mais ninguém. |
Amar e saber amar
são dois pontos delicados: os que amam, são sem conta: os que sabem, são contados. |
Amar e não ter ciúmes,
isso não é querer bem; quem não zela o bem que ama, muito pouco amor lhe tem, |
A menina que eu namoro
e que me quer muito bem, tem um sorriso que encanta e vinte contos também. |
Aqui tens a minha mão
ajunta palma com palma; domina o meu coração, toma posse de minha alma. |
Aqui tens meu coração
e a chave para o abrir; não tenho mais que te dar nem tu o que e pedir! |
As rosas é que são belas,
são os espinhos que picam, mas são as rosas que caem, são os espinhos que ficam … |
Carvalho que dás bogalho,
porque não dás coisa boa? Cada um dá o que tem, conforme a sua pessoa, |
Chamaste-me tua vida,
eu tua alma quem ser: a vida acaba com a morte, a alma não pode morrer. |
Com pena pego na pena,
coro pena quero escrever, caiu-me a pena no chão com pena de te não ver. |
Das lágrimas faço contas
com que rezo às escuras; oh! morte que tanto tardas! oh! vida que tanto duras! |
Deixa ficar descontente
contigo lá quem quiser, três coisas nunca se emprestam: arma, cavalo e mulher. . . |
Deus não criou infelizes…
Os infelizes se fazem… Mas quem pode interromper o destino que êles trazem?! |
Dizem que o pito alivia
as mágoas do coração; eu pito, pito e repito e as mágoas nunca se vão. |
É, se o sol ficasse preto,
nunca mais que ninguém via. Mas teus olhos têm mais força: eles são preto e alumia … |
Eu amante e tu amante,
qual de nós será mais firme? Eu como o sol a buscar-te, tu como a sombra a fugir-me? |
Esta noite dormi fora,
na porta do meu amor, deu o vento na roseira me cobriu todo de flor. |
Eu amava-te, ó menina,
se não fora um só senão: seres pia de água benta onde todos põem a mão. |
Eu casei-me e cativei-me,
inda não me arrependi; quanto mais vivo contigo, menos posso estar sem ti. |
Eu quero bem à desgraça
que sempre me acompanhou; tenho ódio à ventura, que bem cedo me deixou. |
Eu quero bem, mas não digo
a quem é que eu quero bem; quero que saibam que eu quero, mas que não saibam a quem! |
Estudante, deixe os livros,
e volte-se, para mim; mais vale um dia de amores que dez anos de latim. |
Foste pedir-me a meu pai,
sem saber o querer meu; em tudo meu pai governa, mas nisso governo eu. |
Fui no livro do destino
minha sorte procurar, corri folhas encontrei: eu nasci para te amar. |
Há uma espécie de plantas
que vingam sem ter raízes… Assim são certos sorrisos nos lábio, dos infelizes. |
Inda que meu pai me mate,
minha mãe me tire a vida, minha palavra está dada, minha alma está prometida. |
Infeliz me considero
em todos os meus intentos: quando penso achar venturas não acho senão tormentos. |
Já fui alegre e contente,
hoje não sou mais ninguém. Já fui consolo dos tristes, hoje seu triste também. |
Já não posso ser contente,
tenho a esperança perdida; ando perdido entre a gente, nem morro nem tenho vida. |
Lá vai uma ave voando
com as penas que Deus lhe deu, contando pena por pena, mais penas padeço eu. |
Meu amor, vá pelo mundo:
ir pelo mundo é um bem, o mundo também é regra para aquêles que a não têm. |
Meu pai julga que me tem
fechadinha na varanda. Coitadinho de meu pai que bem enganado anda … |
Minha mãe, case-me cedo,
enquanto sou rapariga, que o milho sachado tarde não dá palha, nem espiga. |
Menina dos olhos verdes,
dá-me água pra beber; não é sede, nao é nada, é vontade de te ver. |
Muito vence quem se vence,
muito diz quem não diz tudo porque ao discreto pertence a tempo fazer-se mudo. |
Não me tentes com fortuna
para contigo casar: eu prefiro mais quem tenha coração para me dar… |
Naquela noite saudosa
quando de ti me apartei, cem passos não eram dados quando sem alma fiquei, |
Ninguém deve, neste mundo,
de alheias desgraças rir. Quando o céu troveja, o raio não faz ponto onde cair. … |
Ninguém descubra o seu peito
por maior que seja a dor; quem o seu peito descobre é de si mesmo traidor… |
Ninguém se julgue feliz
por ter tudo em bom estado, pois vem a tirana sorte, faz dum feliz desgraçado… |
No coração da mulher,
por muito frio que faça, há sempre calor bastante para aquecer a desgraça. |
No ventre da Virgem Mãe
encarnou divina graça; entrou e saiu por ela, como o sol pela vidraça. |
Ó alegria do mundo
por onde é que tens andado? Tenho corrido mil terras, e não te tenho encontrado … |
O anel que tu me deste
era de vidro e quebrou; o amor que tu me tinhas era pouco e acabou. |
O coração e os olhos
são dois amantes leais, quando o coração tem penas logo os olhos dão sinal. |
Ó cipreste verde, triste,
cópia da minha figura, verde qual minha esperança, triste qual minha ventura. |
Olhos pretos matadores,
cara cheia de alegria, um beijo na tua boca me sustenta todo o dia, |
O meu amor me disse ontem
que eu andava coradinha; os anjos do Céu me levem se esta cor não é minha! |
Ó morte, ó tirana morte,
contra ti tenho mil queixas: quem hás-de levar não levas, quem deves deixar, não deixas! |
O pouco que Deus nos deu
cabe numa mão fechada; o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada. |
Os males que me circundam
são como as ondas do mar: atrás de uma vêm outras, sem nunca poder cessar. |
Os olhos de meu benzinho
são jóias que não se vendem, são balas que me feriram, são correntes que me prendem. |
Os teus olhos, pretos, pretos,
são como a noite cerrada. Mesmo pretos, como são, sem eles, não vejo nada. |
O teu pé decerto cabe
num sapatinho chinês, mas a vaidade não cabe em toda a China, talvez! |
Passarinhos, meus amigos,
eu também sou vosso irmão: vós tendes penas nas asas, eu tenho-as no coração. |
Pobre louco apaixonado,
ai de mim! que não mais via, que seu amor, pouco a pouco, esfriava dia a dia. |
Por te amar perdi a Deus
por teu amor me perdi, agora vejo-me só, sem Deus, sem amor, sem ti… |
Privar-me de que eu te veja
isso, meu bem, pode ser; mas privar-me de que te ame, só Deus tem esse poder. |
Quando eu te vi, logo disse:
lindos olho, para amar, linda boca para os beijos se a menina os quiser dar. |
Quando o sobreiro der baga
e a cortiça for ao fundo, só então se hão de acabar as más línguas deste mundo. |
Que cigarro tão cheiroso! …
Me dê uma fumacinha. Com a desculpa do cigarro sua mão pega na minha. |
Quem disser que a vida acaba,
digo-lhe eu, que nunca amou; quem deixou ficar saudades nunca a vida abandonou. |
Quem inventou a partida
não sabia o que era amar; quem parte, parte sem vida, quem fica, fica a chorar. |
Quem me dera ser a hera
pela parede a subir para chegar à janela do teu quarto de dormir. |
Quem me dera ser as contas
desse teu lindo colar, para dormir em teu seio e nunca mais acordar. |
Quem me dera ser a seda,
depois da seda o cetim, para andar de mão em mão, as moças pegando em mim! |
Quem não nasceu prá sofrer
desafiar pode os fados, que os próprios deuses respeitam os entes afortunados. |
Quem quiser ter vida longa
fuja sempre que puder do médico, boticário, melão, pepino e mulher. |
Quem roubou o meu amor
deve ser um meu amigo … Levou penas, deixou glórias, levou trabalhos consigo … |
Quem tem amores não dorme,
nem de noite, nem de dia; dá tantas voltas na cama, como o peixe na água fria. |
Quem tiver filhas no mundo
não fale das malfadadas; porque as filhas da desgraça também nasceram honradas. |
Quem tiver filhos pequenos
por força há-de cantar: quantas vezes as mães cantam com vontade de chorar. |
Rouxinol canta de noite,
de manhã a cotovia; todos cantam, só eu choro toda a noite e todo o dia! |
Venci! Cheguei a subir!
Nada! Ninguém me ajudou! Mas, comecei a cair, toda gente me puxou! … |
Vossos cabelos na testa
é o que vos dá tanta graça; parecem meadas de ouro onde o sol se embaraça. |
Um suspiro de repente,
um certo mudar de cor, são infalíveis sinais de quem sofre o mal de amor. |
Ter amor é muito bom
quando há correspondência; mas amar sem ser amado faz perder a paciência. |
Todo homem diz que sim
depois de ter dito “não”. Primeiro fala o orgulho depois fala o coração. |
Triste daquele a quem falta,
na vida, que se evapora, uma criança que salta, que canta, que ri e chora! |
Triste durmo, triste acordo,
triste torno a amanhecer. Para mim tudo é tristeza, serei triste até morrer. |
Triste sou, triste me vejo
sem a tua companhia; tão triste, que nem me lembra se alegre fui algum dia. |
Tudo o que é triste no mundo
tomara que fosse meu, para ver se tudo junto era mais triste do que eu. |
Tu te queixas, eu me queixo …
Qual de nós terá razão? Tu te queixas do meu zêlo; eu, da tua ingratidão. |
São três coisas neste mundo
que um homem de gosto quer; uma casinha asseiada, um “pinho” bom e mulher. |
Se esta rua fosse minha
eu mandava ladrilhar, com pedrinhas de brilhante, para meu bem passeiar. |
Se eu pensara quem tu eras,
quem tu havias de ser, não dava meu coração para tão cedo sofrer. |
Se mil corações tivesse
com eles eu te amaria; mil vidas que Deus me desse em ti as empregaria. |
Se onde se mata um homem,
pôr uma cruz é preceito, tu deves trazer, Maria, um cemitério no peito. |
Se tu fosses pé de pau
eu queria ser cipó: vivia em ti enroscado no teu corpo dando nó. |
Sonhei contigo esta noite,
mas oh! que sonho atrevido! Sonhei que estava abraçado à forma do teu vestido! |
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Fonte:
Organização de Luiz Otávio e J.G. de Araujo Jorge. 100 Trovas Populares.
Coleção “Trovadores Brasileiros”. Editora Vecchi – 1959
COLEÇÃO DE TROVAS
POPULARES - II
Casada nem um só dia
solteira duzentos anos;
casada cheia de filhos
solteira cheia d'enganos.
|
Cunhada, tanta má vida
que me dá o vosso irmão;
de dia tanta pancada,
de noite tanta paixão!
|
Aqui tens a minha mão,
cinco dedos, cinco unhas;
se queres casar comigo,
vai chamar as testemunhas...
|
Alegria dos casados
são os três dias primeiros;
depois andam só chorando
pela vida de solteiros.
|
Casadinha de há três dias
mandou trabalhar o home;
trabalha, homem, trabalha,
quem não trabalha não come.
|
Casadinha há três dias,
ela aí vai a chorar,
pela vida de solteira
que já não torna a alcançar
|
Não te dou chá,
Porque não tem.
Queres um beijo?.
Vem cá, meu bem!
|
- Até no alto
Eu vou contigo,
Do alto pra lá,
Não tem perigo!
|
- Serviço bonito
É o da mulhé:
Sentada na porta,
A fazê croché.
|
Choquei galinha,
Nasceu peru:
Vendi mestiço,
Comprei zebu.
|
- A porta abre,
A janela cai;
A cabra morre,
A morena sai.
|
Este mundo nasceu à toa,
Deste oco ninguém sai.
Minha mãe morreu sem dentes,
De tanto mordê,meu pai.
|
O padre foi dizer missa,
Na capela de Belém.
Em vez de dizer: - Oremus,
Disse: - Maricas, meu bem!
|
O padre, quando namora,
Passa logo a mão na c’roa.
Namora, padre, namora,
Que Roma tudo perdoa!
|
Quem tivé fia bonita,
Não mande apanhá café
Si fô minina, vem moça;
Si fô moça, vem muié.
|
Meiga forma abandonada
que merece amor e estudo
No espaço de um quase nada
pode dizer quase tudo
|
Não botes lencinho branco
Para o lado donde ando
Bate o vento, sacode o lenço
Penso que me estás chamando
|
O surdo ouviu
o mudo dizer
que o cego viu
o aleijado correr
|
Vi teu rasto na areia
E pus-me a considerar...
Que mimo será teu corpo...
Se teu rasto faz sonhar?
|
Caminho de tua casa
tem morro que sobe e desce
no dia que não te vejo
teu retrato me aparece
|
Quantas vezes, junto a um jazigo,
alguém murmura...de leve:
- Adeus para sempre, amigo!
E o morto diz: -Até breve!!!
|
Porque tanto pesa o morto
fechado no seu caixão?
Não pesa o morto querido,
pesa é a saudade da vida
fechada no coração.
|
Duas vidas todos temos
muitas vezes sem saber:
A vida que nós vivemos
e a que sonhamos viver
|
Saudade - mágoa gostosa
ninguém sabe donde vem.
Vive num botão de rosa,
morre nos olhos de alguém.
|
Careca, sem um cabelo
Percorreu o restaurante.
Diz a menina, ao vê-lo,
-Mamãe! Um queijo ambulante!
|
Açucena quando nasce
Longe do pé bota flor
Na ausência se conhece
Quem é firme no seu amor
|
Fui à praia comprar peixe
Comprei um pampo dourado
Dentro do pampo encontrei
O teu coração retratado
|
Bananeira, chora, chora
Pelos filhos que tem
Cortam o cacho, chora a mãe
Ficam os filhos sem ninguém
|
O meu amor foi embora
Pra banda que o sol entrou
O sol já foi, já veio
Meu amor foi e ficou
|
Perguntei ao sol se viu
À lua se conheceu
Às estrelas se encontraram
Amor firme como o meu
|
Menina não se encoste
Que a parede tem pó
Só encoste nos meus braços
Que o amor é um só
|
Tu andas te gabando
Que tens muito "aonde" escolhas
Toma cuidado, não fiques
Como a figueira sem folhas
|
Vou escrever uma carta
Com a pena do quero-quero
Pra te mandar dizer
Que não te ligo nem te quero
|
Quem zombou do meu amor
Foi a minha namorada
Pensa que eu tenho paixão
Paixão, não tenho nada
|
Num copo de salsa verde
Num copo de verde salsa
Mais vale uma feia firme
Que uma bonita falsa
|
Da minha casa pra lá
Todo mundo me quer bem
Só a mãe do meu amor
Não sei que raiva me tem
|
Atirei um cravo n'água
De teimoso foi ao fundo
Os peixinhos responderam
Vida dom Pedro II
|
Eu plantei a cana verde
Lá em baixo, na baixada
Me chuparam a cana toda
Só deixaram a bagaçada
|
Quem é amarelo não dança
Só dança quem é vermelho
O melhor dos dançadores
Dança dobrando o joelho
|
Quem quiser cantar comigo
Lave a boca com sabão
Olha que eu tiro cantigas
Da palma da minha mão
|
Não tenho medo de homem
Nem do ronco que ele tem
O besouro também ronca
Vai-se ver não é ninguém
|
Eu sou cabra cantador
Canto uma semana inteira
Canto como gaturamo
Na ponta da laranjeira
|
Sou cantador de fama
E canto como um tié
Desafio cantador
Venha de onde vier
|
Amar-te-ei, nunca ou sempre
Sempre ou nunca te hei-de amar
Mas não me peças medidas
Que o crer não sabe contar
|
Eu escondi-me e de mansinho
Fiquei a ouvir-te falar
Aprendi num bocadinho
Mais do que estava a contar
|
Desfiz as tranças, cortei-as
Já não sou rapariguinha
Tu preferias-me como eu era
Co'as tranças como eu as tinha
|
Agora vou-te amar sempre
Ou nunca te vou amar
Traiçoeira me tornaste
Farei como me agradar
|
Coração louco a sofrer
Mãos sensatas a fiar
Fios alvos de algodão
Que acolhem o meu penar
|
Oh! Solidão, solidão...
Que enches o meu peito a arder
Espetei o fuso num dedo
E nem o sinto a doer
|
Coração louco a sofrer
Num quieto e mudo pranto
E as mãos calmas a tecer
Lençóis de linho tão branco
|
O meu avental branquinho
Leva tanto que contar
Quando à tardinha no rio
For como sempre a lavar
|
Leva lágrimas redondas
Que se vão enfim soltar
Rio abaixo até às ondas
As ondas do nosso mar
|
Depois disseste-me
adeus
Que não te quisesse mal
E as lágrimas dos olhos
meus
Sequei-as ao avental
|
Disse o Juca na
polícia:
- Ladrão sabe o que
quer,
Quem tem garra, tem
malícia,
Nunca rouba uma mulher.
|
Vejam que grande
besteira,
Nesta minha caminhada:
Trabalhei a vida
inteira
Para hoje não fazer
nada.
|
Bem mais do que meus
amores,
Menos que nosso senhor,
O clube dos trovadores
Foi que me fez
trovador!
|
Do Tejo partiu a armada
De Pedro Álvares Cabral
E fez do mar uma
estrada
Do Brasil a Portugal!...
|
Buscando as glórias do mar
Foi que el rei dom João segundo
Fez Portugal navegar
E abriu as portas do mundo!...
Celso Furtado de Mendonça
|
Que bem a vida me faz,
Numa emoção doce e linda,
Ao ver que me amas demais
E que eu te amo mais ainda!
|
Meu amor é um furacão,
Bota a mão onde não deve,
Por mais que ela diga não,
Eu lhe digo é só de leve!...
|
No telefone, o marido
Manda chamar a Leonor
E o criado distraído:
- tá no quarto com o senhor!
|
Minha terra - deu um berro
O candidato capiau -:
- terá uma estrada de ferro
Mesmo que seja de pau.
|
Gordo assim eu nunca vi:
É um sujeito tão pesado
Que, se ele cair em si
Pode morrer esmagado...
|
Sendo um "pau d'água"acusado
De um automóvel roubar:
- roubei não, seu delegado.
Pode até me revistar!
|
A mulher é como a rosa:
Esbanja amor e carinho,
Mas quanto mais é formosa,
Mais espeta seu espinho!
|
Esse amor, que por magia,
Fêz-se eterno em seu instante,
Vive agora de alegria
De ser saudade constante.
|
Não me chames de senhor
Que não sou tão velho assim.
E a teu lado, meu amor,
Não sou senhor nem de mim.
|
Amigos, são todos eles
Como aves de arribação:
- se faz bom tempo, eles vêm...
- se faz mau tempo, eles vão...
|
Busquei no amor, não me iludo,
A desventura que quis.
-nesta vida amar é tudo:
É mais do que ser feliz!
|
É nossa alma uma criança,
Que nunca sabe o que faz,
Quer tudo o que não alcança,
Quando alcança, não quer mais.
|
No dia em que tu quiseres
Ser meu senhor e meu rei
Serei todas as mulheres
Na mulher que te darei.
|
Fiz na vida o meu escudo
Desta verdade sagrada:
O nada com deus é tudo,
O tudo sem deus é nada!...
|
Nunca irei jamais casar
Vou ficar celibatário,
Para eu não ouvir falar:
- olha lá. Lá vai o otário...
|
Nesta casa tão singela
Onde mora um trovador
E a mulher que manda nela
Porém nos dois manda o amor.
|
Aos domingos ele odeia
Estar em casa parado
Marido de mulher feia
Tem raiva de feriado.
|
São luzes, decerto, os sonhos
Cheios de graça infinita
A iluminar-nos risonhos
Na escuridão da desdita.
|
Dei-te um beijo primeiro
Para o segundo eu parto
Assim que dermos o terceiro
Iremos logo para o quarto.
|
Minha casa tem fachada
Bonita e um jardim no centro,
Mas nela o que mais agrada
É a morena que tem dentro.
|