Pronomes Pessoais
São aqueles que substituem os substantivos,
indicando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes
eu ou
nós, usa
os pronomes
tu, vós, você ou
vocês
para designar a quem se dirige e
ele, ela, eles ou
elas para fazer referência à
pessoa ou às pessoas de quem fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso
oblíquo.
Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce a
função de
sujeito ou
predicativo do sujeito.
Por exemplo:
Nós lhe ofertamos flores.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (apenas
na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, uma
vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos
pronomes retos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular:
eu
- 2ª pessoa do singular:
tu
- 3ª pessoa do singular:
ele, ela
- 1ª pessoa do plural:
nós
- 2ª pessoa do plural:
vós
- 3ª pessoa do plural:
eles, elas
Atenção: esses pronomes não costumam ser
usados como complementos verbais na língua-padrão. Frases como "Vi
ele na rua" , "Encontrei ela na praça", "Trouxeram
eu até aqui", comuns na língua oral cotidiana, devem ser
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua formal,
devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: "Vi-o na
rua", "Encontrei-a na praça", "Trouxeram-me até
aqui".
Obs.: frequentemente observamos a
omissão do pronome reto
em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas verbais
marcam, através de suas
desinências, as pessoas do verbo
indicadas pelo pronome reto.
Por exemplo:
Fizemos boa viagem. (Nós)
Pronome Oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença,
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou
indireto) ou complemento nominal.
Por exemplo:
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: pronome reto marca o
sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a
acentuação
tônica que possuem, podendo ser
átonos ou
tônicos.
Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que
não
são precedidos de preposição.
Possuem acentuação tônica
fraca.
Por exemplo:
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu):
me
- 2ª pessoa do singular (tu):
te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela):
o, a, lhe
- 1ª pessoa do plural (nós):
nos
- 2ª pessoa do plural (vós):
vos
- 3ª pessoa do plural (eles, elas):
os, as, lhes
Atenção:Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é suprimida.
Por exemplo: |
| fiz + o = fi-lo |
| fazeis + o = fazei-lo |
| dizer + a = dizê-la |
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formas no, nos, na, nas.
Por exemplo: |
| viram + o: viram-no |
| repõe + os = repõe-nos |
| retém + a: retém-na |
| tem + as = tem-nas |
|
Pronome Oblíquo Tônico
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por
preposições, em geral as preposições
a, para, de e
com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu):
mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu):
ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela):
ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós):
nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós):
vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas):
eles, elas
- Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são
a primeira pessoa (
mim) e segunda pessoa (
ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais
do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contextos
interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes
costumam ser usados desta forma:
Não há mais nada entre
mim e
ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre
ti
e
ela.
Não há nenhuma acusação contra
mim.
Não vá sem
mim.
Atenção:
Há construções em que a
preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para
introduzir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses
casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
pronome, deverá ser do caso reto.
Por exemplo:
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Trouxeram vários vestidos para eu
experimentar.
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Não vá sem eu mandar.
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- A combinação da preposição
"com"
e alguns pronomes originou as formas especiais
comigo,
contigo, consigo, conosco e convosco.
Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de
adjunto adverbial de companhia.
Por exemplo: Ele carregava o documento
consigo.
- As formas
"conosco" e
"convosco" são substituídas por
"com nós" e
"com
vós" quando os pronomes pessoais são reforçados por
palavras como
outros, mesmos,
próprios, todos,
ambos ou algum numeral.
Por exemplo:
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Você terá de viajar com nós todos.
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Estávamos com vós outros quando
chegaram as más notícias.
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Ele disse que iria com nós três.
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Pronome Reflexivo
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como
objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração.
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu):
me, mim.
Por exemplo:
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Eu não me vanglorio disso.
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Olhei para mim no espelho e não gostei
do que vi.
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- 2ª pessoa do singular (tu):
te, ti.
Por exemplo:
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Assim tu te prejudicas.
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Conhece a ti mesmo.
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- 3ª pessoa do singular (ele, ela):
se, si,
consigo.
Por exemplo:
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Guilherme já se preparou.
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Ela deu a si um presente.
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Antônio conversou consigo mesmo.
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- 1ª pessoa do plural (nós):
nos.
Por exemplo:
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Lavamo-nos no rio.
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- 2ª pessoa do plural (vós):
vos.
Por exemplo:
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Vós vos beneficiastes com a esta
conquista.
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Por exemplo:
- 3ª pessoa do plural (eles, elas):
se,
si, consigo.
Por exemplo:
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Eles se conheceram.
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Elas deram a si um dia de folga.
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A Segunda Pessoa Indireta
A chamada segunda pessoa indireta se manifesta quando utilizamos
pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor ( portanto, a
segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos
chamados pronomes de tratamento, que podem ser observados no quadro
seguinte:
Pronomes de Tratamento
Vossa Alteza | V. A. | príncipes, duques |
Vossa Eminência | V. Ema.(s) | cardeais |
Vossa Reverendíssima | V. Revma.(s) | sacerdotes e bispos |
Vossa Excelência | V. Ex.ª (s) | altas autoridades e oficiais-generais |
Vossa Magnificência | V. Mag.ª (s) | reitores de universidades |
Vossa Majestade | V. M. | reis e rainhas |
Vossa Majestade Imperial | V. M. I. | Imperadores |
Vossa Santidade | V. S. | Papa |
Vossa Senhoria | V. S.ª (s) | tratamento cerimonioso |
Vossa Onipotência | V. O. | Deus |
Observações:Também são pronomes de tratamento
o senhor, a senhora
e você, vocês. "O senhor"
e
"a senhora" são empregados
no tratamento cerimonioso;
"você" e
"vocês", no tratamento familiar.
Você e
vocês são
largamente empregados no português do Brasil; em algumas regiões ,
a forma
tu é de uso frequente, em outras, é
muito pouco empregada. Já a forma
vós tem
uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os
pronomes de tratamento que possuem "Vossa (s)" são
empregados em relação à pessoa
com quem falamos.
Por exemplo:
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Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
compareça a este encontro.
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Emprega-se "Sua (s)" quando se fala a
respeito da pessoa. |
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Por Exemplo:
Todos os membros da C.P.I.
afirmaram que Sua Excelência, o Senhor
Presidente da República, agiu com propriedade.
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- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta
de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um deputado
por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à
excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o
cargo que ocupa.
b) 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento
se dirijam à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
com a 3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os
pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª
pessoa.
Por exemplo:
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das
suas promessas, para que seus
eleitores lhe fiquem reconhecidos.
c) Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por
exemplo, se começamos a chamar alguém de "você", não
poderemos usar "te" ou "teu". O uso correto
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Por exemplo:
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Quando você vier, eu te
abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos.
(errado)
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Quando você vier, eu a
abraçarei e enrolar-me-ei nos seus
cabelos. (correto)
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Quando tu vieres, eu te
abraçarei e enrolar-me-ei nos teus
cabelos. (correto)
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